SIMED-TO repudia agressão contra médicas em Palmas e exige medidas urgentes de proteção

Caso ocorrido na USF 806 Sul expõe escalada nacional da violência contra profissionais de saúde, com mais de 4.500 agressões registradas em 2024. Entidades médicas exigem medidas urgentes de proteção e responsabilização dos agressores
13/06/2025 13/06/2025 15:05 541 visualizações

O Sindicato dos Médicos do Estado do Tocantins (SIMED-TO), em conjunto com a Associação Tocantinense de Medicina de Família e Comunidade (ATOMFAC) e o Conselho Regional de Medicina do Estado do Tocantins (CRM-TO), divulgou nota de repúdio aos atos de violência sofridos por médicas da Atenção Primária à Saúde no município de Palmas. O caso, ocorrido no dia 9 de junho de 2025, na Unidade de Saúde da Família 806 Sul, expõe a escalada preocupante da violência contra profissionais de saúde no país.

Agressão Motivada por Recusa Ética de Prescrição

A médica de Família e Comunidade Dra. Bruna Antunes Ramos (CRM 2279/TO), servidora pública concursada desde 2014 e preceptora da Universidade Federal do Tocantins desde 2015, foi vítima de agressão verbal, coação e constrangimento por parte de um paciente. O episódio incluiu ameaças diretas, desacato, tentativa de intimidação física e a gravação e divulgação indevida de vídeo expondo a profissional e a equipe, sem autorização.

A médica residente em Medicina de Família e Comunidade Dra. Stephane Priscila Silva Costa Frota (CRM-TO 7696) também foi alvo de exposição e intimidação durante o mesmo episódio. A situação gerou forte abalo emocional nas profissionais envolvidas e no restante da equipe da unidade, comprometendo o ambiente de cuidado e a segurança institucional.

A motivação do ato violento teve origem na recusa técnica e ética da prescrição de medicação de controle especial, que deve obrigatoriamente seguir protocolos clínicos e acompanhamento interdisciplinar contínuo. A tentativa de coação ao ato médico representa não apenas um ataque individual, mas uma ameaça à segurança e à autonomia profissional no Sistema Único de Saúde.

Contexto Nacional Alarmante

O caso em Palmas se insere em um cenário nacional preocupante. O ano de 2024 registrou o maior número de notificações de agressões contra médicos da história recente do país, com mais de 4.500 ocorrências oficiais – uma média de um caso a cada duas horas. As mulheres médicas estão entre as principais vítimas, especialmente nas unidades de atenção básica.

O conselheiro federal pelo Tocantins, Dr. Estevam Rivello Alves (CRM-TO 3113), tem se manifestado publicamente em defesa de medidas efetivas para conter a escalada de violência contra profissionais da saúde. Em diversas ocasiões, tem denunciado a banalização de condutas agressivas, o desrespeito à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e a necessidade urgente de responsabilização civil e penal de agressores.

Exigências das Entidades Médicas

Diante da gravidade da situação, as três entidades médicas tocantinenses apresentaram demandas específicas:

  • À Secretaria Municipal de Saúde de Palmas, exigem a adoção urgente de medidas de segurança institucional, acolhimento às vítimas, reforço dos protocolos de atendimento e responsabilização dos envolvidos;
  • Às autoridades competentes, cobram a devida apuração do caso e responsabilização civil e criminal por todos os atos praticados, incluindo as violações à LGPD pela gravação e divulgação indevida de imagens;
  • As entidades também defendem a ampliação de políticas públicas de proteção à integridade física e emocional dos profissionais de saúde, bem como campanhas educativas contra a violência nas unidades públicas.

Defesa do Ambiente de Cuidado

A nota ressalta que a Medicina de Família e Comunidade tem por base o vínculo, o cuidado continuado e a escuta qualificada. Para que esses princípios possam ser garantidos, é necessário que os profissionais atuem em ambientes seguros, éticos e respeitosos.

O documento foi assinado por Tiago Rodrigues Cavalcante (Vice-Presidente ATOMFAC), Reginaldo Abdalla Rosa (Presidente SIMED-TO) e Eduardo Pinto Gomes (Presidente CRM-TO), demonstrando a união do comunidade médica tocantinense na defesa dos profissionais de saúde.

As entidades reforçam que nenhuma forma de violência deveria ser tolerada e que a proteção dos profissionais de saúde é fundamental para garantir o funcionamento adequado do Sistema Único de Saúde no estado.